Para não parar de pensar

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Os ministros se precipitaram?

Ontem li mais textos sobre a não-obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Incrível como tem gente argumentando muito bem – e mal – de ambos os lados. No tópico “O diploma, as novas mídias e as velhas cabeças” da lista dos Jornalistas da Web encontrei um texto/comentário muito bem escrito de Charles Pilger. Nele tem um trecho que diz:

Quero lembrar aqui que, além dos Estados Unidos, o diploma de jornalismo não é obrigatório em países como França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Japão, Suíça, Irlanda, Suécia, Holanda, Itália, Áustria, Dinamarca, Finlândia, Grécia, Polônia, Hungria, Luxemburgo, Argentina, Austrália e Chile, dentre muitos outros. E que tanto o jornalismo quanto os jornalistas sobrevivem por lá. Como? Esta é a questão que deveríamos estar discutindo há muito tempo.

A partir daí comecei a pensar se já não estava na hora do Brasil se espelhar nesses países (que por sinal, são quase todos desenvolvidos), afinal, se lá funciona, aqui pode funcionar também. Ou não.

Será que realmente o jornalismo vai melhorar?

O Brasil não tem uma educação tão boa quanto a maioria dos países acima e acho que isso influencia na ética dos trabalhadores daqui, jornalistas ou não-jornalistas. Pensar, por exemplo, que o newspaper está acabando aqui, assim como tem acontecido nos EUA, pode ser um erro. Não é porque a realidade de lá é uma, que ela funciona no nosso país também. Ainda temos muito o que crescer e talvez não era a hora certa de acabar com a obrigatoriedade do diploma. Concordo com o Pilger: esta é a questão que deveríamos estar discutindo há muito tempo.

Gostaria muito que a decisão do STF marcasse o início de um novo jornalismo, mais bem feito, ético, inteligente, crítico e relevante. Acredito que muitas pessoas sem formação acadêmica em jornalismo sejam capazes de produzir boas reportagens. Espero que nossos queridos ministros não tenham se precipitado. Ou então pode ser que eu não tenha percebido que já estava na hora de o jornalismo brasileiro passar por essa mudança.  Tomara que seja isso.

PS: Ouvi falar que a mídia não influencia diretamente a vida das pessoas.

Diploma, jornalismo e preocupações

Que bom momento para criar (mais) um blog. Grandes jornais fechando no exterior,  um mercado em crise e cada vez mais competitivo, matérias superficiais e cheias de problemas, muito jornalismo sensacionalista, a internet modificando o fazer jornalístico (e outras coisas, a indústria fonográfica que o diga) e agora, o fim do diploma para ser jornalista.

Dia 17 de junho de 2009. Após três dias do STF acabar com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo e depois de ler, ouvir, assistir e consolar muito sobre o assunto, tive que escrever em algum lugar. charge fim diploma

Vi em vários sites a indignação de jornalistas e não-jornalistas. Em outros, a aprovação. Por muito tempo fiquei sem saber de que lado ficar, mas começo a me ver insatisfeito com a decisão.

Afinal, quais serão as consequências?

Ainda não dá pra saber, mas podemos tentar prever alguma coisa. Os salários de jornalistas diminuirão? Talvez. Se pensarmos economicamente, quando a oferta aumenta, o preço diminui. Mesmo assim, o que garante que engenheiros, médicos e advogados tomarão nossas vagas? Na teoria, eles ganham mais do que vários jornalistas juntos. Com o tempo veremos…

Surgirão cursos técnicos? Já tem muitos espalhados por aí, espero que esses não apareçam mais! E o jornalismo, onde vai parar? Acho que isso é o que todos queremos saber. Teremos um show de sensacionalismo? Há quem diga que é disso que o povo gosta, mas eu prefiro não acreditar.

E o ensino superior?  Estou no quinto período do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV e me sinto preocupado (pra não dizer inseguro) sobre o meu futuro. Imagino os vestibulandos, que são uma das espécies de ser humano mais desorientadas do planeta. Acho que a maioria não vai querer se arriscar numa profissão que já podem exercer desde que nasceram!

Jornalismo para não-jornalistas

É bem bacana ver jornalistas falando que agora sim as faculdades de jornalismo terão que se reformular, formar profissionais com diferencial, capacitados e preparados para enfrentar qualquer fria (como diz o @narradordaglobo) em vez dos jornalistas deformados e prontos para fazer o que o patrão manda.

Olhando a realidade do meu curso, essa revolução no ensino seria ótima. Mas será que ela vai acontecer? Difícil. Temos dificuldade em contratar um professor, quem dirá trocar todos os docentes ultrapassados por novos. Não conseguimos nem comprar uma fita DV de 100 reais. Obrigado pela utopia, mas por enquanto, nossa (boa) formação vai continuar dependendo grande parte dos nossos esforços pessoais.

Pelo visto não estou em cima do muro, mas ainda estou aberto a discussões sobre o assunto. Só não me venha falar de liberdade de expressão. Já não vivemos numa ditatura (ok, há controvérsias). A internet já mostrou que podemos escrever o que quisermos, não importa se você é jornalista ou cozinheiro.